Os ônibus são locais ideais para pesquisas antropológicas. Diferentes pessoas, diferentes idades, diferentes classes sociais - óbvio que a classe social da Xuxa não está incluida aqui -, diferentes pensamentos.
Ontem eu estava em um desses maravilhosos antros culturais e me peguei prestando atenção em uma conversa que se desenrolava entre duas adolescentes sentadas no banco à minha frente.
Totalmente enxerida, eu sei.
O negócio é que o diálogo era realmente interessante, uma das garotas estava apaixonada e narrava para a amiga uma conversa entre ela e o garoto em questão.

- Ele entrou na sala e me disse oi. - diz a loira apaixonada.
- Só oi? - pergunta a outra, uma morena.
- Só. - a loira parece decepcionada com o pouco caso que a sua amiga dá ao incrível 'oi'.
- Em que tom? - a morena pergunta.
- Ah, não sei, ele parecia feliz. E acenou com a cabeça também. Ele nunca tinha me dado 'oi' antes. - a loira explica e então morde os lábios, insegura - O que será que isso quer dizer?


Está aí o foco da situação.
Foi nesse momento que eu notei que a pobre loira sofre de um problema que já nasce enraigado na mente feminina. Qual garota nunca parou alguns momentos tentando compreender algum sentido oculto em uma frase masculina?
O impressionante, porém, é que, provavelmente, o 'oi' do garoto da história significava exatamente isso.
Oi.
Não estou dizendo que o garoto não está interessado nela, ou que os dois não possam casar um dia e encher um casarão com vários filhos. O ponto é que, a intenção do garoto não era passar uma mensagem subliminar de amor através do 'oi'. Ele estava apenas a cumprimentando.
Chocante, eu sei.
Mas os homens - em sua maioria - são tão profundos quanto piscinas infantis, o que se pode fazer?

Hoje me aconteceu uma daquelas coisas que te fazem pensar: 'Não é possível, isso só acontece comigo'.

Todos nós temos um vizinho que se parece com um cachorro, não é mesmo? Se você disser que não tem, ou está mentindo ou nunca procurou direito.
A minha vizinha em questão é um meio termo entre um pincher e um bulldog.
Uma coisa linda.
E lá estava eu, lépida e fagueira, totalmente desavisada sobre o que o destino me guardava. Maravilha.
O fatídico encontro se deu na portaria, sorri educadamente e murmurei um 'bom dia'.
Eu não faço idéia de como meu 'bom dia' foi interpretado. Talvez tenha sido o tom de voz. Ou quem sabe, meu sorriso-amarelo-simpático pareceu mais caloroso do que deveria.
Realmente intrigante.
O fato é que a canina senhora olhou para mim, e com um sorriso realmente magoado ela me informou: 'oh, minha filha, tive uma dor de barriga daquelas... a coisa ficou feia ontem à noite.'
Eu juro.
Exatamente assim.
Enfatizou o 'feia' e tudo.
E prosseguiu detalhando o triste episódio.
Que parte do meu 'bom dia' ela pode ter interpretado como uma revelação do meu interesse sobre sua vida intestinal?
Eu não sei como o meu comprimento sorridente deu abertura pra tal revelação, só sei que em segundos eu passei de uma vizinha anônima à uma companheira para confissões escatológicas.

Sublime.

 

Um... dois... três... Testando!

Hey, aqui estou eu, entregue a mais uma das maravilhas da modernidade.

Quer dizer, se você quer ter um contato com a natureza: jogue colheita feliz.
Se quer se sentir altruísta: adube as plantações dos seus vizinhos na mini-fazenda.
Se quer se sentir importante: responda as perguntas no formspring e ganhe seus 15 minutos de fama.
Se quer exprimir suas opiniões para o mundo: resuma-as em 140 caracteres e publique no twitter.

Simples assim (oi!).

E agora o blog: o psicólogo mais barato que existe.
Eu realmente amo a internet.
Três vivas para o titio Gates.

Câmbio, desligo.